segunda-feira, 26 de junho de 2017

Nova consulta

Uma vez que ontem fiz ecografia e o sexto beta, hoje a médica analisou as informações deixadas pelos colegas da urgência e achou que não era necessário repetir ecografia. Enquanto o beta não for negativo não poderá ser marcada a histeroscopia. Daqui a uma semana faço o sétimo e espero que seja o último beta desta jornada. Ficou a recomendação de que se tiver dores fortes ou aumento significativo da hemorragia, voltar à urgência.

Desta vez as dores menstruais estão bem presentes. De todas as menstruações que tive depois de uma TEC esta é, sem sombra de dúvidas, a mais abundante e dolorosa. Parece a primeira e única vez que menstruei espontaneamente, lá pelo ano de 1994. Este mau estar está a deixar-me mais abatida, pois faz-me pensar no motivo que o causou.

Somam-se 8 mini-nós nesta conta interminável. "Basta um" ouve-se e lê-se em todo o lado, "à terceira é de vez", "quando menos esperares, acontece". Sou adepta do "ver para crer"...

domingo, 25 de junho de 2017

Bravo guerreiro

Como tinha referido na sexta-feira passada comecei a ter perdas. Iniciaram com um tom castanho, seguido de uma pasta com textura de creme de chocolate, ontem chegaram umas leves cólicas menstruais e hoje, após o almoço, o sangue vivo com vários coágulos. As dores aumentaram de intensidade, há muito tempo que não as sentia assim. Aguentei-me na terrinha até às 18h e quando regressei fui à urgência para me certificar que a proveniência da hemorragia era do útero e não de outro sítio qualquer.

A jovem médica que me atendeu, depois de observar e sentir as entranhas que libertavam coágulos fez ecografia e encontrou uma imagem que lhe parecia um pequeno saco com um descolamento. Mediu-o, procurou batimentos cardíacos mas não estava certa do que tinha à frente. Perguntou-me se não me importava que um colega mais velho viesse dar opinião. Não me importei, obviamente, então entrou um colega que devia ser quase da mesma idade, ambos mais novos que eu certamente. Ele parecia mais seguro que a colega e disse que aquelas manchas seriam coágulos a descolar, não havia líquido que indiciasse gravidez ectópica e o mais indicado seria fazer outro beta. O médico perguntou se já tínhamos jantado pois, como o resultado da análise ainda demorava pelo menos umas 2 horas, podíamos comer alguma coisa no centro comercial junto ao hospital. Assim o fizemos e regressámos à urgência. Neste momento o beta está em 1028, ou seja, estou a abortar. Amanhã de manhã estava previsto fazer ecografia, agora deverá ser encerrar este capítulo e marcar histeroscopia. As dores menstruais são contínuas, podiam dar algumas tréguas.

Este fim de semana tinha entrado nas hipotéticas 8 semanas. O meu bravo guerreiro aguentou-me muito tempo. Foi discreto, um pedacinho de coragem que ousou desafiar as probabilidades e quase me levou a crer em coisas transcendentais. Tornou-se a mais próxima materialização de um filho.

Enquanto lidava com a perda, iam chegando grávidas de 37 e 38 semanas com contrações, que suspeitavam encontrar-se em trabalho de parto e uma mulher bastante decidida que disse querer fazer uma IVG.

A vida, a morte (involuntária ou planeada) num mesmo piso, com expectativas e receios distintos. Um dia marcante na vida de uma pessoa, a rotina de quem lá trabalha.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Consulta

Foi o dia da consulta que marquei antes de saber em que filme esta gravidez se ia tornar. Primeiro fizemos o balanço do que sucedeu nestas últimas semanas. A prioridade é descobrir se a gravidez é ectópica. Caso não o seja, que cenários poderão esperar-se, sendo que o menos provável é o desenvolvimento normal da gravidez. A diretora ainda referiu a possibilidade de ser uma gravidez natural mas expliquei-lhe o motivo de ser impossível e ela concordou comigo.

Depois de analisada a situação da gravidez disse-lhe que marquei a consulta para vermos o que poderá ser feito, partindo do princípio que não tarda muito seguir-se-á outra TEC. Perguntei se havia limitações do hospital para se estudarem as causas deste insucesso ou se teria que o fazer fora. Ela respondeu que o que se faz fora também pode ser realizado lá. A questão é que não há muito a investigar. As trombofilias estão analisadas e o Cartia já foi prescrito empiricamente por não haver uma evidência que justificasse a sua extrema necessidade.
Outra questão que coloquei foi relativa à hipótese do meu sistema imunitário estar a rejeitar os embriões. Algo a tentar futuramente, é adicionar um corticoide, novamente numa base empírica.
No que diz respeito ao endométrio nunca houve problemas em este atingir a morfologia ideal para receber embriões. Foi-me questionado se já fiz histeroscopia e isso ainda não aconteceu. O próximo passo depois de mudar de capítulo vai ser fazer esse exame.

Uma causa para as falhas de implantação poderia ser a qualidade dos embriões, que não se aplica ao meu caso. São sempre bons e nunca houve problemas depois de serem retirados da criopreservação. Não significa, no entanto, que não tenham uma alteração nos cromossomas. Como tanto eu como o meu marido não temos nenhuma doença genética conhecida, o que nos restaria seria a PGS (Pre-implantation Genetic Screening). Desde logo a médica disse que o HSJ, nem qualquer outro hospital público tem dotação financeira para fazer esta técnica que ronda os 10 000 euros. Consiste em fazer-se uma estimulação e aos embriões resultantes retirar algumas células que serão posteriormente estudadas. Até aqui em nada difere de um DGPI. Em seguida recorrendo a marcadores tentam encontrar-se genes para as doenças mais comuns. É então feita a seleção dos embriões com mais hipóteses de sucesso. Pode dar-se a situação de haver embriões com alterações completamente compatíveis com uma vida normal. O que esse estudo não garante, como em qualquer transferência, é que vá resultar numa gravidez bem sucedida.

Um facto é que não são normais todas estas falhas, a Dra S. admitiu-o e agora eu e o meu marido vamos refletir acerca disto tudo.

Depois da consulta fui almoçar qualquer coisa à pressa. Quando cheguei ao trabalho fui à casa de banho e vi o que não queria. Estou com perdas iguais às que tive quando abortei da primeira vez. É noite de S. João com familiares do lado do meu marido, amanhã ele faz anos e domingo vou à terrinha ver a minha mãe com quem não estou desde a semana anterior à Páscoa.

Segunda-feira provavelmente já não se vai encontrar nada na ecografia.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Beta 5

À semelhança do que aconteceu nas análises anteriores o beta aumentou outra vez. Agora está em 1233, com uma evolução a uma taxa aproximada à que se tem verificado desde o beta 2. Ficou definido fazer nova ecografia na próxima segunda-feira pelas 9h, para acautelar a possibilidade de ter de ficar no hospital.

Suponho que a estratégia que elas delinearam foi dar tempo que o beta evolua até um valor que garanta um saco gestacional de boas dimensões, que não dê lugar a ambiguidades na sua localização. A questão do possível internamento ocorrerá provavelmente se se confirmar gravidez ectópica, anembrionária ou ausência de batimentos cardíacos no meu pequeno Nemo.

Mantém-se o plano de contingência a adotar em situação de dor aguda, desmaio ou hemorragia abundante.

A luta está feroz e de todas as fases que têm envolvido a TEC 4 esta é a que me está a dar mais força. Mesmo que não termine da melhor forma, dá-me mais ânimo para enfrentar novas batalhas.

terça-feira, 20 de junho de 2017

À procura de...

Ainda não há total certeza de onde pára o embrião. A imagem não foi conclusiva para gravidez ectópica e no útero apareceu algo que poderá ser sugestivo de um saco gestacional, mas sem garantias. Caso o seja mantém-se a convicção de que a gravidez não vai evoluir, pois neste estágio, se o desenvolvimento estivesse adequado já deveria haver batimentos cardíacos.

Para dissipar as dúvidas em relação à localização do embrião mantém-se a colheita de sangue a cada dois dias para aferir a evolução do beta, enquanto este continuar a aumentar. Pode também a natureza tratar da expulsão durante este período. Amanhã regresso para nova colheita e sexta-feira devo repetir ecografia.

Parece que ando a alimentar vampiros. Vou oferecer o braço direito, porque a veia do esquerdo já acusa alguma selvajaria e precisa de uns dias para recuperar.

Apesar de ser improvável que a gravidez goze de boa saúde durante o tempo regulamentar de uma gestação, estou a estabelecer uma ligação emocional ao meu mini-nós, o qual apelo carinhosamente de Nemo. Ele está a ter a bravura de ficar comigo com a sua presença muito discreta. É corajoso e resistente à sua maneira. Deixa-me orgulhosa pela força que demonstra, pois a ver pelo perecimento dos seus 7 irmãos devo oferecer condições inóspitas à manutenção de uma vida humana. Devo ser uma espécie de Vénus, não a divindade, mas o planeta com a sua atmosfera agressiva de nuvens ácidas que desafiam a integridade do que lá pousar. Mais uma vez tive um daqueles sonhos relacionados com a fertilidade/maternidade. Neste, quando foi feita a ecografia, surpreendi aquela equipa inteira com o desenvolvimento de um embrião sentenciado que, ao contrário das expectativas deu uma volta que ninguém esperava. Acordei um pouco aliviada e menos pesarosa.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Beta 4

Hoje o resultado foi 951. Amanhã faço uma ecografia de urgência, porque há uma elevada probabilidade de ser ectópica. Já se deverá encontrar alguma coisa.

Se esta evolução tivesse acontecido assim há umas duas ou três semanas era razoável. Nestas circunstâncias só um milagre justificaria um progresso adequado. Passei a barreira das 7 semanas de gestação e continuo a caminhar para o 1000.

Amanhã poderei ter uma resposta definida acerca deste mistério.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

A saga continua

Colheita feita, resultado 562. Sim, aumentou. O meu coração recebeu a notícia com um ânimo um pouco inocente, a minha razão ficou desapontada. E agora? Pois, a novela vai continuar. Há embrião a desenvolver, não se sabe onde e até quando. Continuo com a mesma condição física das últimas semanas, sem indícios de abortamento ou sintomas de gravidez ectópica, à exceção da progressão lenta da hormona beta-hCG.

Perguntei se devia continuar com a medicação e a indicação é que posso suspender, porque a gravidez não vai evoluir. Segunda-feira volto a fazer colheita de sangue.

Marquei consulta com a diretora, na próxima sexta-feira vamos sincronizar estratégias.

Nas inúmeras pesquisas que tenho realizado, só para valores de beta-hCG acima de 1000 mil é que se consegue visualizar o saco gestacional, o que significa que poderei estar a desenvolver uma gravidez ectópica durante muito tempo sem dar conta. Outro facto é que as FIV têm contribuído para um aumento da ocorrência de gravidezes ectópicas.

Como suspendi a medicação poderei menstruar daqui a uns dias ou não, porque tecnicamente estou grávida. Se em tempos me queixei de um nim, esta situação nem sei como classificar. Deixei de ser humana e passei à condição de ET. Acho que sou uma criatura alienígena propensa a estranhezas.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Atualização do beta

Recebi à tarde, enquanto trabalhava, a chamada com o resultado e a realidade é que não se sabe o que se passa. O valor foi 451 e há algumas hipóteses em aberto. A hormona poderá já estar em regressão; algum embrião poderá estar a desenvolver-se lentamente algures no útero ou trompas embora não tenha sido detetado na ecografia; o que é praticamente certo é que a gravidez não vai evoluir.

Não estava preparada para este tipo de cenário, o que veio aumentar a tortura em que isto se tornou.

Sexta-feira vou fazer novo beta e a expectativa da médica é que o valor reduza para dar mais tranquilidade. Se continuar a aumentar vou ser sincera, não sei o que me espera. É-me difícil avaliar como estou, só sei que, enquanto trabalho, tento abstrair-me ao máximo de tudo o que está a acontecer e é muito difícil.

Ficou o alerta de que se desmaiar ou tiver dores intensas devo dirigir-me imediatamente às urgências de obstetrícia por poder tratar-se de uma gravidez ectópica.

Quando for fazer a próxima colheita vou ver se consigo agendar um momento para ter uma conversa sem correrias com a diretora. Irei tentar perceber os limites da atuação do hospital e propor colaborar externamente com a equipa naquilo que me for possível financeiramente.

Em relação ao recurso ao privado como alternativa a este enorme fracasso, atendendo à resposta ovárica que apresento com os injetáveis, as minhas economias ficariam longe de conseguir suportar todos os gastos com a conservação de tantos embriões, respetivas transferências e estudos para averiguar as falhas de implantação. Não tenho capacidade financeira para tanto. Acho que ficaria de consciência muito mais pesada se acabasse por desperdiçar os embriões por não ter como pagar para os criopreservar ou transferir. Não se trata de passividade, conformismo ou vitimização este bater na mesma tecla.

O hospital está claramente a proceder de acordo com normativos muito restritos e generalistas que são insuficientes para quem foge à regra. Aquilo que eu realmente gostava era que mo admitissem e é isso que vou tentar fazer ao conversar com a diretora. Posso ter dificuldade em arcar com a despesa de um tratamento completo, mas tenho uma almofada que me permite apoiar a pesquisa de causas, se o HSJ não o puder fazer. Para isso funcionarei como uma parceira deles para remarmos todos para o mesmo lado. Se, pelo contrário, vir que afinal têm liberdade para proceder de outras formas, aí digo que são mesmo irresponsáveis. Nessa situação verei a possibilidade de transferir os embriões para a clínica Prof. Alberto Barros e encerrar a minha jornada lá, se feitas as contas, tiver capacidade.

Há coisas na minha vida que gostava que tivessem sido diferentes para que esta fase não estivesse a ser tão angustiante mas nem tudo corre como queremos.

Estou exausta.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Suspeitas confirmadas

- Sente-se bem? - perguntou-me a diretora do serviço.
- Estranhamente bem - respondi.
- Gravidez não é doença!
- Sim, eu sei, mas tenho dificuldade em acreditar que possa estar tudo bem.
- Teve perdas?
- Não, não aconteceu nada de anormal.

Começou a busca mas apesar das expressões faciais das três pessoas que estavam a olhar para o ecrã manterem-se neutras, percebi pelos cochichos que algo não estava bem. A determinada altura a procura expandiu para os ovários. Mal a ecografia iniciou vi que não encontravam nada.

- Não há nada no útero nem nas trompas, vai repetir o beta. Apesar de já ser tarde, faz na mesma a colheita de sangue e a Dra A.M. telefona-lhe à tarde para falar consigo. Temos de ver o que se está a passar. Tinha razão nas suas suspeitas. - finalizou a diretora.

Fui ter com a enfermeira à sala de recobro onde duas senhoras recuperavam da punção.

- Mais do mesmo? - questionou-me a enfermeira.
- Sim.

Não estou aterrada, não consigo chorar talvez por estar mais mentalizada que o mau iria sobrepor-se ao bom. Sinto-me em baixo e com vontade de me desligar daqui do meu quotidiano. Infelizmente isso só vai acontecer em agosto. Precisava disso agora. O meu marido ficou abatido, dizia que nunca esteve tão confiante como desta vez. Vamos apostar nos 4 embriões que sobram e depois refletir sobre o futuro, caso essas transferências não resultem.

Aguardo o telefonema da tarde para dar fim a mais uma gravidez relâmpago.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Um passo à frente?

Calma, é o primeiro apelo que tenho a fazer a vocês, maravilhosas companheiras! Está tudo bem comigo, a dinâmica de trabalho está diferente, porque nestas semanas tenho estado debruçada a preparar alunos para exame de nível secundário.

Estou quase a descobrir o que se anda a passar cá dentro e tenho dificuldade em manter-me otimista. Vou explicar agora os motivos.

1 - já me passou pela cabeça que quando fiz o beta (15 dias após a TEC), este poderia estar a regredir por ser outra gravidez bioquímica;

2 - os sintomas que tenho (peito maior e fome) podem ser meros efeitos secundários da medicação;

3 - ainda me custa a crer que tenha capacidade de gerar e manter uma vida em crescimento;

4 - tenho a sensação que ao fazer a ecografia se vai descobrir que os mini-nós pararam de desenvolver há algum tempo e o corpo ainda não deu sinais de que esteja a tentar expulsá-los;

5 - por fim, o chip ainda não está atualizado, porque é bom de mais para ser verdade, admito.

A minha curiosidade em relação ao dia de amanhã é superior à que tinha no dia 1 de junho, porque estou prestes a descobrir se mudei de nível neste jogo. Pelas minhas contas este fim de semana atingi as 6 semanas, pelo que é expectável que se veja alguma coisa do tamanho de uma ervilha, de preferência a piscar vigorosamente e, já agora no útero e não fora dele.

É a segunda vez na minha carreira de profissional de transferências que faço este tipo de ecografia, mas até agora não houve nenhum indício de que algo esteja mal. O meu marido está confiante de que tudo vai correr bem e não precisaremos de nos preocupar com mais TEC ou tratamentos. Queria tanto conseguir pensar assim...

Depois de acabar de escrever isto vou cruzar todos os meus dedinhos.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

5 semanas mais 1 ou 2 dias

É estranha a sensação de alguém dizer-nos que estamos grávidas quando não nos sentimos como tal. Sei que é cedo, há muito tempo para tomar consciência disso até aperceber-me que afinal (ainda) estou nesse estado. Esta conversa é para chegar aos famigerados sintomas que tantas vezes nos enganam. Se tivesse de afirmar convictamente que estava grávida, com base em sinais, seria há 4 meses e não agora. Pois é, os marotos dos efeitos secundários da medicação muitas vezes fazem das suas e andam a confundir-nos ou a criar ilusões. Muitas vezes, quando chega a hora da verdade, alguém dispara sobre nós um balde de gelo para acordarmos para a triste realidade.

Neste momento sinto-me normal (de acordo com os meus padrões), a gastrite tem-me dado férias, a tensão mamária é muito mais ligeira do que em transferências anteriores, o volume abdominal está igual, ao contrário da TEC 3 em que aumentou consideravelmente. Se calhar o peito está um pouco maior mas atribuo para já a responsabilidade ao Progeffik. Não tenho dores no útero nem perdas de sangue. Esta bizarria que é diferente do que aconteceu no passado é que me deixa com reservas em relação ao sucesso desta TEC. Se calhar agora é que estou como devia ser suposto nesta altura. Na vida real não costuma ser assim havendo até quem descobre que está grávida quando está em trabalho de parto?

Apesar de a 1 de junho estar oficialmente grávida, acho que só vou acreditar MESMO quando fizer a ecografia. Aquele pé que gosta de ficar atrás diz-me que esse fenómeno (gravidez) é algo que não me assiste. Que posso eu fazer, sou assim!

Vamos falando aqui por casa de como estão a correr os dias mas curiosamente ainda não abordámos assuntos de caráter logístico ou factos relacionados com o(s) nosso(s) filho(s). Acho que só teremos coragem de começar a pensar e pôr mãos à obra depois das 15 semanas.

Esta sexta-feira vou finalmente ter consulta com a minha médica de família. Foi preciso esperar 4 meses pela dita e se correr tudo bem não vou poder concretizar para já o objetivo da marcação que era ter uma requisição para realizar a endoscopia que tenho de fazer anualmente. Aliás, por causa desta sequência de tratamentos e transferências já deixei passar dois anos e meio, que para mim pode ser um pouco perigoso dado o meu historial clínico. Conjugar os tratamentos com o tempo que tenho de aguardar por consulta na médica de família e ainda agendar a endoscopia torna-se uma tarefa complicada quando tudo está dependente dos timings do SNS.

Como já afirmei em tempos, desejo que a gravidez seja acompanhada no HSJ e não na minha área de residência, pois o HPH não foi suficientemente correto quando fui seguida nas consultas de infertilidade. Vou referir isso na sexta-feira e tenho a certeza que a minha médica vai compreender. Não tenho nada contra ela, pelo contrário, há contudo coisas na unidade local de saúde da zona que deixam um pouco a desejar. As condições da maternidade e do acompanhamento do pai até podem ser mais interessantes que no HSJ mas aqueles 3 ou 4 dias da altura do parto não vão determinar a minha escolha face às várias semanas em que serei vigiada. Se alguém tiver experiência no seguimento pré-natal do HSJ que não se importe de partilhar, sou toda olhos :)

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Ainda sobre o beta e a TEC 4

Agora que a poeira assentou um bocadinho aqui para estes lados, estou com mais discernimento e disponibilidade para acrescentar umas palavras.

Em primeiro lugar, não houve nenhuma noite pré-beta em que não tivesse sonhado sobre esse dia. Enquanto nas anteriores dava por mim já gravidíssima e era a última a aperceber que me encontrava nesse estado, desta vez foi diferente. Sonhei com um número concreto, 110. Falhei por pouco no valor. Ainda bem que foi quatro unidades superior e não inferior, mas andei lá muito próximo.

Ao falar com a médica, que foi a primeira que conheci naquele serviço e quem me realizou a transferência, ela parecia mais descansada pelo resultado do que eu.

Não explodi de alegria, porque ao longo dos anos fiquei formatada para receber más notícias. Disse-lhe que apesar de não parecer, era aquilo que mais queria ouvir na vida, só que me faltava mudar o chip para me adaptar à novidade.

A conversa com a enfermeira com quem estive depois da boa nova deixou-me com um estado de espírito muito diferente daquele com que fiquei em setembro passado.

Recuando a película para analisar esta TEC tentei manter a vida o mais normal possível. Ignorei aqueles mitos/conselhos que podem aumentar as hipóteses de sucesso. O abacaxi que podia ter consumido continua na natureza, a gelatina deve estar noutros frigoríficos que não o meu, physalis é saboroso mas não comprei desta vez e ainda pensei em arrefecer os pés, só que o calor não colaborou. A massagem mais fértil que recebi foi-me dada pela minha gata, exatamente em cima da barriga com toda a sua sabedoria e vigor. Os únicos momentos em que estive nas palhas deitada aconteceram quando tinha de dormir. Confesso que uma ou outra vez poderei ter pegado em coisas com 6 ou 7 kg. Fui trabalhar no dia seguinte à transferência e foi o melhor que fiz.

Assim como em pratos de culinária muito populares se tenta descobrir o misterioso segredo que no fundo, muitas vezes não existe, esta transferência, no que me compete, foi mais ou menos isso.

A maior diferença foi a introdução do Cartia e do Natalben. Nunca saberei esclarecer se foram esses os condimentos que deram sabor ao beta.

Estou de pés bem assentes no chão, com a plena consciência da dicotomia besta/bestial que pode acontecer num piscar de olhos.

Enquanto na TEC 3 estava inchada, sentia fome, cheguei a equacionar uma gravidez, desta vez só estou a ser incomodada pela gastrite.

Dia 14 volto ao hospital, pode ser que veja magia no ecrã!

Agradeço todo o carinho e ânimo que me têm sido dirigidos. Espero, mais que tudo na vida, que seja desta o final feliz que procuro há 5 anos e 7 meses. Não esquecerei nunca que o bicho papão anda aí a infernizar tanta gente merecedora de dias muitos melhores. Apesar do enorme abalo que traz para a vida tem-me ajudado certamente a encarar os problemas com uma perspetiva diferente.

Somos todos mais fortes do que aquilo que imaginamos.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Beta - TEC 4

Sem rodeios, fiquei abismada quando a médica me disse sem papas na língua "Parabéns, o beta foi 114". Enquanto processava mentalmente o que tinha acabado de ouvir só pensava que aquilo não estava a acontecer.

Minutos antes tinha visto um casal a vir do gabinete da médica em que a esposa estava cabisbaixa e a chorar. Eu, pelo contrário, pouco depois estava a ouvir a melhor notícia do ano, mas não a conseguia sentir verdadeiramente por parecer inacreditável.

Claro que perguntei se não era suposto nesta altura ser mais elevado. Ela disse que é um valor perfeitamente normal e ultrapassando 100 dá um pouco mais de tranquilidade. Há sempre a possibilidade de correr mal, mas isso pode acontecer em qualquer gravidez.

Como daqui a nada vou trabalhar, logo à noite escrevo mais um pouco.

Para já habemus criança(s)!

Colheita - TEC 4

Como é habitual, quando fui atendida na receção, perguntaram-me se menstruei. Mencionei as perdas que ocorreram e uma hora depois da marcação fui chamada para a colheita. A enfermeira que em tempos me disse para esquecer a gravidez quis saber se as perdas se assemelhavam a menstruação, ao que respondi negativamente. Ela estava hesitante se devia ou não tirar sangue e acabou por fazê-lo. O meu cérebro pensou "esta TEC já era".

Estou serenamente a aguardar pelas 13h para estar novamente no hospital e ouvir o mais óbvio.

Esta noite sonhei que o beta tinha dado 110, o que para esta altura não seria muito bom tendo em conta a gravidez relâmpago que tive e a transferência ter sido a 17 de maio.