quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Endonews

Como referi ontem, pretendia ir ao hospital esta manhã e assim aconteceu. O resultado da biópsia não estava no sistema, o meu processo estava na secretária da Drª S com a indicação de ver com urgência se havia novidades.

Ainda era cedo quando lá fui e a médica não tinha chegado. A uns metros de casa, no regresso, recebi uma SMS com uma receita eletrónica. Verifiquei na Plataforma de Dados da Saúde (recomendo o registo) a que dizia respeito. Ainda equacionei que tivesse sido a minha médica de família, porque enviei-lhe na semana passada uns relatórios de exames. Não foi, vi que a receita era do HSJ com a prescrição de duas embalagens de ácido clavulânico + amoxicilina, de 12 em 12h, que associei logo a antibiótico. A primeira ideia que me ocorreu era que o relatório acusava uma endometrite, que normalmente é tratada com antibiótico durante duas semanas. Fui logo à farmácia e aguardei que me telefonassem, pois seria de esperar que me fossem dadas instruções. Eram 13h e ainda nada tinha sido dito, então telefonei eu. Parece que uma enfermeira estava incumbida de me contactar mas antecipei-me. A técnica administrativa (sempre impecável, sem qualquer ironia) foi consultar o meu processo e viu que o relatório mencionava a presença de uns "bichitos" que ela não percebeu muito o que era e o antibiótico servirá como prevenção. O relatório já estava pronto, no entanto o laboratório ainda não o tinha validado no sistema informático, logo não estava acessível às médicas.

O plano de ataque para os próximos dias é cumprir a terapêutica do antibiótico, deixar passar cerca de uma semana e voltar a tomar Provera. Quando menstruar é o costume, ligar a avisar, marcar eco para o 3º dia and so on, and so on...

Enquanto não tenho a consulta do 3º dia do próximo ciclo fico na incógnita acerca do zoo que para aqui anda a causar perturbação.
Frequentemente leio artigos acerca das maleitas relacionadas com a infertilidade e encontrei este que merece leitura http://smegineco.com.br/doc-artigos/50-Femina_v40n6_319-324.pdf

Quando fiz a histeroscopia não foi observado nada relevante, contudo a biópsia tem elevada importância. Posso ter sofrido horrores nessa parte mas só por este resultado já valeu a pena toda a dor. Isto permite-me concluir que a videohisteroscopia, por si só, pode não acrescentar nada na procura de respostas. O conselho que posso dar a este nível é não descartar a biópsia.

A TEC 5 não será este mês no entanto, tendo em conta a notícia de hoje, não me rala. Quero tratar da chacina da bicheza, não é esse tipo de população que quero a habitar o meu hotel.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Impasse TEC 5

Julgava que as coisas estavam orientadas, agora está uma incógnita.

A menstruação decidiu aparecer na segunda-feira, 5 dias depois de terminar o Provera, quando o normal é 4. Pode ser resultado das biópsias que originaram uma hemorragia prolongada que me deve ter deixado o endométrio muito fino. Liguei nesse dia para o hospital e a técnica administrativa disse que a médica que estava de serviço ia verificar se o resultado da biópsia estava pronto para ver se teria de fazer alguma coisa antes de dar início à preparação da TEC. Não se pôde agendar ecografia na sequência desse pormenor. Fiquei a aguardar chamada ainda nesse dia para receber orientações. O telefonema não aconteceu.

Ontem de manhã voltei a ligar para saber o que fazer e, pelos vistos, alguém mexeu no processo e das duas, uma: ou o resultado ainda não chegou ou a médica esqueceu-se de telefonar. A técnica administrativa informou que estava um casal no gabinete da médica e quando saísse falaria com a Dra L para ver o que se passava. Comprometeu-se a ligar-me logo de seguida. Mais uma chamada que não foi feita...

Para não ser considerada uma melga hoje decidi não dizer nada para ver se alguém tomava iniciativa. Foi o terceiro dia do ciclo, deveria ter feito ecografia e iniciado a medicação, no entanto o meu telemóvel não tocou.

Se o resultado ainda não está pronto podiam dizer-mo que eu compreendia. Deixarem-me pendurada à espera de chamada e não cumprir é muito mau.

Amanhã a chata, em vez de telefonar, vai deslocar-se ao piso 3. Tenho as minhas dúvidas que a TEC seja neste mês.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Quase em campo

Realizados os exames que tinha planeado fazer, com diagnóstico de algumas coisitas que não são relevantes para a TEC, estou a tomar Provera desde sábado. Isto significa que no próximo domingo vou menstruar, por isso dia 12 de setembro devo fazer ecografia e começar a parafernália de medicamentos aos quais se deve juntar um corticóide.

A médica de família disse que tenho baixo nível de vitamina D. Na TEC anterior isso foi compensado com o Natalben, no entanto não é o mais indicado para mim, pois contém iodo. Esse suplemento pode interferir com a minha tiróide que trabalha a meio gás se não for controlada com o Eutirox. Vou resolver isso de outra forma para não comprometer o funcionamento da dita cuja.

Agora que estou mais tranquila com os rastreios que realizei estou quase a postos para me focar na TEC número... 5...

Durante este período passado entre umas micro-férias, seguido de consultas e exames foi-me perguntado, pelo menos duas vezes, se já estive grávida e quantas vezes. O meu cérebro bloqueou durante uma fração de segundos quando isso aconteceu. A primeira ideia que me veio à cabeça foi "considero uma, duas vezes ou nenhuma?" Nem eu sei muito bem, porque no primeiro caso foi gravidez bioquímica, no segundo houve uma imagem sugestiva de saco embrionário sem grandes certezas. Respondi em ambas as ocasiões que estive grávida duas vezes e antes que fosse assumido que tinha dois filhos, tratei logo de fazer a ressalva que nos dois casos terminou mal. Uma questão aparentemente rotineira e inofensiva faz-me sentir uma incompetente. O assunto não está bem resolvido no meu cérebro e acho impossível que alguma vez venha a estar.

Que expectativas tenho em relação à(s) próxima(s) TEC(s)? Muito próximo de zero, é essa a realidade. Ainda não houve problemas com a desvitrificação, os mini-nós têm-se aguentado sempre bem nesse processo. Não é garantido que continue a ser assim, penso que estou preparada para quase tudo. De uma coisa estou cada vez mais certa, a minha capacidade de andar para a frente está a chegar ao limite.

Perguntaram-me se sinto alguma pressão social para ter filhos. Não, nem por isso. Aliás, ignoro algum tipo de insinuação. Como respondi, é uma vontade intrínseca sem qualquer interferência externa. Outra questão colocada foi se me consigo imaginar a seguir a vida sem filhos. Sim, perfeitamente, é a realidade que melhor conheço, embora de há uns anos para cá com muita frustração. Este estado anímico é, no entanto, fruto de tudo o que tem acontecido nestes quase 6 anos. Acredito que se decidir colocar um ponto final nisto vai haver um período de luto profundo a que se seguirá mais um virar de página em que poderei fazer mudanças na minha existência. No meu caso não se colocará a questão de "privar" o meu marido da oportunidade de viver a paternidade, pois ele é pai há muito tempo. O que poderá acontecer é não termos oportunidade de colocarmos no mundo os nossos filhos. Não serei mãe, aquela visão inquietante de ser velhinha e à minha volta não haver gerações que provieram da minha luta a traçarem o seu projeto de vida angustia-me. Mesmo que o meu marido não tivesse já uma filha, jamais poderia ter sentimento de culpa pela privação desse milagre. A meu ver a união de duas pessoas não tem como fim último a sucessão. Antes dos filhos estamos nós casal que, por alguma razão, decidiu que fazia sentido seguir um caminho comum. Para não criar falsas expectativas fui franca desde o início em relação ao conhecimento que tinha da minha infertilidade, seria desonesta se não o fizesse. Pouco a pouco estou a começar a fazer as pazes comigo mesma e a entrar num processo de aceitação do fracasso que aumenta na mesma proporção da diminuição da esperança.

Se em tempos acreditava que a minha cria ia chegar, infelizmente não posso dizer o mesmo agora.

Após este alongado desabafo ia-me esquecendo de referir que as biópsias feitas na histeroscopia resultaram numa hemorragia que durou 9 dias! Não pensava que fosse durar o mesmo que a menstruação.

Termino este post com aquilo que disse à enfermeira que me fez o teste de gravidez no dia da histeroscopia. A probabilidade de eu ganhar o Euromilhões é maior do que a de conseguir trazer uma criança ao mundo.