sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Nota de rodapé

Não me esqueci da minha claque :) Vou responder a todas, logo que tenha a disponibilidade habitual. A minha miúda de bigodes longos está doentita e tenho precisado de gerir o tempo de outra forma para ver se ela volta ao seu estado (a)normal.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Ecografia de 6 semanas, mas não para mim

Fui picar ponto, mais uma vez, para fazer aquela que seria a ecografia das primeiras grandes emoções, se a vida fosse bela. Como o sol nasceu para outros lados que não o meu, limitei-me a ver o útero com ar heterogéneo, ainda com restos no cenário que outrora acolhera vida. A hemorragia continua vigorosa, no entanto consigo fazer uma vida minimamente normal se recorrer a apêndices XL em tamanho e capacidade de absorção, caso queira passar mais do que alguns minutos sem fazer visita à casa de banho. O momento ecografia/consulta foi ao estilo do que o HSJ já me habituou. É quase como se estivesse de passagem, com uma conversa rápida, porque há muito serviço à espera lá fora. Sem nos ser perguntado se pretendemos arriscar mais uma estimulação, uma vez que carregamos uma bagagem penosa, a médica tratou logo de delinear o programa das próximas festas. Vou deixar terminar esta hemorragia, menstruar outra vez e aí vai ser apurado se o organismo foi eficiente na limpeza ou permaneceu alguma coisa. Se tudo estiver em ordem reanalisa-se todo o trajeto para procurar alguma ponta solta e parte-se para nova estimulação. Simples, certo? Eu acho assustador este pragmatismo que resulta de não se saber muito bem quem se tem à frente...

Perguntou-me várias vezes se se chegou a ver saquinho. Eu disse que sim, no entanto como ainda era cedo não se via o embrião. Rematou em seguida com uma afirmação que me deixou pensativa. Disse que o valor do beta foi baixinho, sendo preferível que ultrapasse 90. Com aquele resultado reduzido seria provável que o embrião tivesse anomalias nos cromossomas. Questionei se não era estranho acontecer nas três vezes em que engravidei. Ela não quis desenvolver mais o assunto, porque todo o processo tem de ser visto com atenção. Não houve nenhuma amostra que fosse para análise, por isso há menos pistas.

Domingo senti-me verdadeiramente impotente e revoltada. Tentava não me movimentar muito devido à ideia parva de achar que o embrião podia resolver fixar-se outra vez e conseguisse reverter a situação. Ficava aterrada de cada vez que ia à casa de banho e aqueles imensos e numerosos coágulos caiam automaticamente para o fundo da sanita sem ter qualquer hipótese de recolher, sei lá como, tudo o que saía dentro de mim para poder levar para análise. Sentia uma culpa gigantesca por nem sequer ter a capacidade de reservar a miséria que era expulsa do meu corpo. Mais uma vez pairava sobre mim a palavra "falhada", nem para isso servia. Cada centímetro que mexesse no corpo significava que a torneira abria sem piedade, o que reduzia as hipóteses de esclarecer o mistério da anomalia do embrião. Na única vez em que não houve dúvidas da existência de um saco gestacional, perdi a oportunidade de saber mais acerca dele. É irónico como este organismo que me define não tem iniciativa para menstruar mas a abortar é exímio.

Bom, parece que vêm aí novas temporadas desta novela surreal em que se tornou a infertilidade. I'll be back!

domingo, 19 de novembro de 2017

Malditos domingos

Vi o meu pai a sucumbir à vida num maldito domingo à tarde, outros dois domingos, sensivelmente à mesma hora, foram brindados com um dilúvio que ditava o fim de dois filhos meus. Hoje foi um desses dias.

Vim há pouco das urgências e o que resta no meu útero são coágulos. Estou com uma hemorragia como nunca tive. Cada movimento que faço é sinónimo de jatos de coágulos e sangue.

Depois das perdas que tive na quarta-feira elas cessaram e tudo corria harmoniosamente até ao início desta tarde em que, ao limpar-me, o papel ficou todo pintado. Duas horas mais tarde veio o inacreditável. Jorros e mais jorros de coágulos, um escorrer contínuo de sangue, sempre que dou um passo sai mais um jato. À partida o processo vai deixar o útero sem vestígios de gravidez.

Antes de ser chamada para o gabinete da médica fui à enfermeira que me perguntou se era a primeira gravidez. Disse-lhe que era a terceira, então quis saber que tipo de parto tive nas gravidezes anteriores. Quando respondi que nenhuma chegou ao fim ela lembrou-se que já lá tinha estado. No consultório após a confirmação do aborto, a médica aconselhou a que enquanto tivesse oportunidade de fazer ciclos de tratamento para não desistir. Este foi o passo mais longo que dei até ao momento, uma vez que já foi visto um saco. Preciso que chegue o dia 23 para dar um pouco de luz a toda a confusão que tenho dentro da cabeça.

Estou com dores e a desfazer-me. Por que é que tenho de passar por isto?

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Gostava de estar otimista, a sério que gostava

A tensão mamária chegou, o peito encontra-se ainda maior do que o habitual, o meu coração está dilacerado. Não consigo estar de outra forma. As perdas de sangue têm vindo a aumentar e se até ontem só se manifestavam vermelhas de manhã, sempre após o repouso noturno, hoje acordei com dois pequenos coágulos. Fiquei alarmada, não em demasia, até às 17h. O pior veio nessa altura quando passei a pingar sangue e caiu um coágulo com algo que me pareceu o meu pequeno saquinho. Estou de rastos, não tenho coragem de fazer beta ou outra ecografia até ao dia 23. Não há nada que consiga fazer para reverter a situação se realmente o que expulsei foi o nosso mini-nós.


O meu marido disse que se de facto abortei novamente temos de repensar o que realmente queremos e vamos fazer. Se optamos por uma pausa (na minha idade não faz sentido, não se deve ter lembrado), se arriscamos logo que possível outra FIV ou se ficamos por aqui. Apoia-me se me sentir psicologicamente pronta para continuar ou dar por terminada a maldita luta. Ele fica perplexo como é possível com 12 embriões e 5 transferências não resultar. Comigo não seria de esperar outra coisa.

Com toda a honestidade, se no dia 23 se confirmar o aborto, a minha disposição atual é encerrar definitivamente este assunto.

Para nós, enquanto casal, é algo que nos envolve há 6 anos, com muito sofrimento. Para mim, é uma questão que me perturba mensalmente há 23 anos. A maior parte da vida tenho convivido sistematicamente com a anormalidade que transformou o meu desenvolvimento numa coisa completamente artificial. Dei por mim hoje a pensar que gostava que o tempo avançasse uns 12 anos para estar na menopausa e finalmente sentir-me "em casa".


Hiperestimular novamente com 38 anos, fazer um determinado número de transferências, perder mais sabe-se lá quantos filhos, condicionar a vida em função de uma causa perdida vai ser demasiado para mim. Chamem-me fraca ou desistente, não me importo. Só quem calçou os meus sapatos pode emitir um juízo de valor. Não duvido das minhas competências como mãe, ia falhar em muitas coisas como qualquer ser humano, mas acho que teria tudo para cumprir muito bem esse papel. Vou viver com a eterna mágoa de não crescer a esse nível, nem de possibilitar que o meu marido tenha outro filho que possa amar. Tenho de ser racional e o mais sensato está à vista. Penso que será a primeira vez que vou desistir de algo e vai ser justamente naquilo que eu mais perspetivava que fosse fazer sentido na minha existência.

Possivelmente vou concluir no dia 23 que não podia ter falhado mais na escolha do nome deste blogue. Não o vou fazer desaparecer, é um registo de uma parte da minha história. Tenho de pensar que rumo dar a este espaço que tão bem me tem feito.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Para já, hipótese 2

Esta manhã voltei a ter sangue vermelho, ao longo do dia tornou a ser castanho. Regressei há pouco das urgências e, pela primeira vez, vi um saco gestacional. Tem 4 mm, segundo as médicas o seu tamanho é compatível com o tempo de gestação. Como entrei nas 5 semanas ainda não foi possível ver mais nada. As trompas estavam limpas, por isso tenho comigo apenas um mini-nós. Não há nada que possa fazer a não ser aguardar pelo dia 23 para ver se a evolução continua a ser regular. A forma do saco é normal, nunca gostei tanto de ver uma mancha preta num ecrã. Mal a médica começou a fazer a ecografia vi-o, foi mesmo especial, tenho pena que o meu marido estivesse do outro lado da cortina.

Disseram que já estou a tomar tanta coisa que não é necessário acrescentar mais nada. Segue-se outro período de 11 dias tal como o tempo de espera pelo beta. Este sim, vai parecer interminável. Nunca passei por um momento assim, nem acredito que tenho um saquinho! Eu vi-o, estava lá!

Aproveito mais uma vez para agradecer todas as mensagens e apoio, vocês são incansáveis e mais crentes que eu. Tenho levado tanto pontapé em relação a este assunto que me custa acreditar que alguma coisa boa possa acontecer. Quero tanto que as próximas 35 semanas me tragam alegria...

Peço desculpa por todo o alarmismo, devia ter-me contido, mas estas perdas não diferem dos episódios tristes do passado. Agora é continuar o dia-a-dia.

domingo, 12 de novembro de 2017

Confusão mental

Estes fenómenos (par)anormais tiram o equilíbrio que tanto prezo. O sangramento de ontem começou repentinamente em tons de vermelho, tive algumas dores menstruais e cheguei a pensar que iria começar o dilúvio. O fenómeno apocalíptico não aconteceu, foi substituído pelo fim das dores e um corrimento castanho que perdura. Dificilmente isto terminará bem, vai acontecer como na TEC 2.

Que ideias já tive acerca disto?

1 - acabou, à semelhança das outras vezes;
2 - é daqueles sangramentos fantasma que ninguém sabe ao certo o que significam, mas que não comprometem a gravidez;
3 - o meu útero está a passar por um processo de mega expansão;
4 - tratava-se de uma gravidez gemelar que ficou reduzida a um embrião;
5 - houve algum descolamento.

A hipótese 1 parece-me a mais óbvia. Mantenho toda a medicação que inclui 1 ovinho de Progeffik a cada 8h. Pior que a espera pelo beta são os dias que antecedem a primeira ecografia em que nunca foi encontrado nada que se assemelhasse a vida. O dia 23 nunca mais chega. Se calhar até lá a natureza dá o golpe final para não restarem dúvidas.

sábado, 11 de novembro de 2017

Sem surpresas...

À semelhança da primeira gravidez, quatro dias depois do beta despeço-me das horas que privei com o meu filho. Sem qualquer aviso prévio, chegou o maldito fluido vermelho. As dores menstruais estão também a começar a manifestar-se. Daqui a menos de uma hora devem vir os jorros com os resquícios de ex-vida que me fez companhia desde o dia 27 de outubro.

Não vale a pena alimentar ilusões com betas na próxima semana, porque a hormona ainda vai continuar por cá uns dias. Já sei que dia 23 vão querer que faça colheita para dar por encerrado o assunto.

Estou furiosa com a vida.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Estranho estado

É a terceira gravidez em pouco mais de um ano e o que me apraz dizer sobre o assunto? Não tenho aquela fome louca das outras vezes, o intestino trabalha bem melhor que o habitual. Aquelas dores fortes incomodam-me cada vez menos e de há dois dias para cá sinto uma leve náusea. A tensão mamária ainda não se manifestou, a gastrite desperta às vezes. Estou naquela fase em que duvido de que haja vida a crescer dentro de mim por ainda ser muito cedo detetar outro tipo de manifestação. Vou fazer outro beta em meados da próxima semana. Já fiz as contas de valores previsíveis para os próximos dias. Acho que está mais que na hora de conseguirmos ter o(s) nosso(s) filho(s).

Mantenho o mesmo ritmo de trabalho, o que me deixa abstraída de pensamentos e sentimentos sobre o resultado desta TEC.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

De pés assentes na terra

Antes de desenvolver o que quer que seja quero agradecer, do fundo do coração, todas as felicitações e sinais de esperança de quem é mais que bem vindo a esta humilde casa. Vocês conseguem trazer-me aquele calorzinho aconchegante de que precisava nesta altura. Não tenho passado por momentos fáceis, a revolta tem andado a consumir-me e a tornar-me insensível.

De facto, fazendo todos os cálculos comparativos dos positivos obtidos até então, este é o melhor resultado. Poderei na próxima semana fazer outro beta para ter uma ideia intermédia de como estão a correr as coisas enquanto não chega o dia da ecografia. Não quero, contudo, ficar obcecada nem deslumbrada. Isto é um tímido começo que rapidamente pode terminar. Tenho de ser contida nas expectativas mas ao mesmo tempo deixar de lado a tendência derrotista que me leva a achar que vai correr sempre mal. Quando se está escaldado é difícil ver que o sol também pode nascer para nós.

Admito que suspeitava da gravidez, custou mais foi saber o valor. Mesmo tendo ideia de que viria um positivo estava determinada em avançar para outra FIV para a consciência ficar definitivamente tranquila. Uma das áreas da minha formação de base é a Química e é nela que neste momento estou a depositar as minhas esperanças para que o meu filho não seja rejeitado.

Beta -TEC 5

Estranhamente não sonhei com nada relacionado com o dia de hoje.

Fiz colheita, soube o resultado e não sei o que pensar. O valor foi 62,74. Tudo bem que só passaram 11 dias. A médica estava mais otimista que eu. Dia 23 faço a ecografia e até lá vou limitar-me a cumprir as coisas sem refletir muito sobre o assunto. Disseram que nem sempre vai correr mal, oxalá estejam certas. Mantenho toda a medicação, serenidade e neutralidade para não me deixar afetar muito.

Dia 11 - TEC 5

Está a terminar o processo FIV e suas respetivas TEC. Recapitulando no que se transformou, aqui vai uma síntese:

- Hiperestimulação;
- Punção de 25 folículos - fevereiro 2016;
- 3 degeneraram;
- 13 fecundaram;
- 10 embriões criopreservados em D3;
- 2 embriões criopreservados em D5;
- 1ª TEC maio 2016 (2 embriões) - negativa;
- 2ª TEC setembro 2016 (2 embriões) - gravidez bioquímica;
- 3ª TEC janeiro 2017 (2 embriões) - negativa;
- 4ª TEC maio 2017 (2 embriões) - AE às 8 semanas (embrião com desenvolvimento muito lento);
- 5ª TEC outubro 2017 (2 embriões) - descongelados 4 últimos embriões.

As perdas de sangue desapareceram, foram mesmo muito reduzidas, quase nem se notaram. Hoje ainda tive daquelas dores fortes mas não tantas vezes como ontem.

Venha de lá o resultado para poder assumir um pouco mais o controlo à vida, ou não...

Não estou nada nervosa com isto, é estranho. No dia da TEC fiquei calada durante algum tempo, talvez por ter sido confrontada com a realidade de já não haver mais embriões. A verdade é que fui bastante sortuda por ter conseguido transferir 10. Cheguei a um patamar que muitas mulheres gostariam de atingir e não têm essa possibilidade. Posso não ter posto uma criança no mundo mas durante algumas semanas tive a oportunidade de ter células de 10 filhos nossos em contacto comigo. Tenho pena que os outros dois mini-nós não tenham conhecido um ambiente diferente do laboratorial. Para mim eram todos muito especiais, a minha dúzia de pequenos lutadores.

Às 8h00 vou fazer a colheita, por volta da hora de almoço devo saber o resultado. Daqui a umas horas dou novidades.

domingo, 5 de novembro de 2017

6 anos

Em novembro de 2011 tomámos a decisão de enfrentar o fantasma da infertilidade que pairava à minha volta desde 1994. Partimos logo para o pedido de ajuda especializada. No meu caso seria perda de tempo ficar aquele período regulamentar nos chamados "treinos" infrutíferos antes de pensar em procurar soluções.
Vários cancelamentos, negativos, abortos e 12 embriões depois, eis-nos em vésperas de saber o resultado da última TEC possível para a FIV realizada há 1 ano e 9 meses.

Naquela altura ainda tinha 31 anos, daqui a uns dois meses completarei 38. Se há alturas em que me sinto muito próxima de concretizar o nosso sonho, noutros momentos parece que vejo a esperança a escapar por entre os dedos. Não tem sido nada fácil, é a maior dificuldade que tenho enfrentado na vida. A nossa rotina, o meu percurso profissional, muitas das escolhas que temos feito giram em torno dos tratamentos e da possibilidade de passarmos a ser mais moradores em casa. Quando se faz o balanço de todos os sacrifícios não se vê nada. Quer dizer, vê-se o desgaste provocado pela medicação, pela frustração, tudo aquilo de que se abdicou em prol de uma ideia.

Apesar de tudo, não me arrependo de ter embarcado nesta aventura. Aprendi há muito tempo que há coisas que não surgem de mão beijada, carecem de muita luta. A realidade é que nem sempre se conseguem alcançar. Se me perguntassem há 6 anos se achava que o processo ia ser mais fácil, eu tinha consciência de que ia dar muito trabalho e desilusões.

Passou mais de meia década e o meu colo está vazio.

Dia 10 - TEC 5

Precipitei-me ontem quando falei da ausência de perdas. Para já são muito ténues mas estão lá. As dores fortes não se restringem apenas aos segundos que sucedem depois de me levantar. Se estiver em pé, aparecem mesmo que não faça nada de especial. Optei por passar a tarde deitada. Por enquanto, mesmo que esteja sentada, ainda não tenho dores.

Antevejo semanas de incerteza.

Dia 9 (update)

Pouco depois de ter publicado o post anterior fui colocar Progeffik. Quando cheguei à casa de banho vi um pequeno vestígio de sangue acastanhado. Veio umas horas mais tarde que da outra vez. Espero que não se repita o que aconteceu na última TEC, se é para passar pelo mesmo, prefiro logo um negativo.

sábado, 4 de novembro de 2017

Dia 9 - TEC 5

A contagem decrescente está a terminar. Não houve sinais de sangramento mas repetidas vezes, quando me levanto, sou invadida por uma dor bastante aguda no baixo ventre, que incide um bocadinho à direita. O corrimento líquido incolor e inodoro já se instalou e a gastrite deu alguns sinais. Se acho que o resultado vai ser positivo? Não! Tive outrora dores com resultado negativo, assim como o corrimento líquido. A tensão mamária é cada vez mais tardia e ainda é impercetível.

Pensei que a toma prolongada do corticóide me fosse deixar com um ar insuflado como quando era criança e tinha de usar a bomba para a asma. Curiosamente não noto que esteja fisicamente diferente em relação à TEC 4, por exemplo. Na TEC 3 o volume abdominal aumentou significativamente, contudo essa mudança deveu-se apenas à medicação, como veio a ser confirmado no beta.

Em 3 dias, por esta hora, o mistério estará desvendado. À semelhança do que referi em outras ocasiões um positivo não me basta. Não sinto confiança suficiente para lançar foguetes e achar que o assunto está resolvido. Tanta coisa pode acontecer...

Apenas a quem me acompanha por aqui e num dos locais onde trabalho dei conhecimento da existência desta TEC. Mais ninguém que eu conheça sabe. Depois de tanta desilusão o meu marido quis que mantivéssemos de fora a família e amigos no acompanhamento de transferências até haver algo concreto e com uma margem de conforto significativa para podermos anunciar uma boa nova. Esse dia poderá nunca chegar porém manteremos a mágoa entre nós.

Dia 8 - TEC 5

Aproxima-se o dia do beta e os níveis de ansiedade são mínimos. Em raras ocasiões tenho dores idênticas às menstruais que duram alguns segundos apenas. Tenho-me queixado tanto do abuso químico a que estou sujeita mas gostava que a minha malinha fosse despejando nas próximas semanas, era muito bom sinal.

Mais uma vez surge a vontade de fazer planos para os próximos tempos mas, como tem sido costume nestes 6 anos, é complicado. Será fácil resolver essa questão se o resultado do beta for negativo e encerrar definitivamente a luta. Tenho de pensar se estou disposta a abdicar de cerca de mais 2 anos de um curso" normal" de vida em benefício de outra saga. A ver bem as coisas, nem sei ao certo o que é isso da normalidade na vida. Se o meu futuro passar pelo envelhecimento sem conhecer o real sentido da maternidade vou ter de aprender a conhecer-me, porque tenho vivido para uma causa fictícia. Tenho privado com o improviso com tanta frequência, logo eu que gosto de sentir controlo sobre o meu quotidiano. Parece que anda tudo do avesso, respondo a solicitações constantes, no entanto sinto-me incapaz de pedir ajuda. Sempre tentei desenrascar-me o melhor que conseguia pelos meus meios, porque quando precisava de realizar alguma coisa que pressupunha a participação de outras pessoas, deparava-me com laxismo ou falta de sentido de responsabilidade. Esta dependência de um sistema que envolve várias pessoas para a concretização do objetivo de sermos pais é exatamente o oposto do que tenho feito na minha existência e isso deixa-me ainda mais frustrada. Isto está a testar os meus limites de tolerância que, diga-se de passagem, têm uma amplitude significativa.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Dia 7 - TEC 5

Aproxima-se aquele período em que na última transferência me apercebi do início das perdas de sangue. Só aconteceu na TEC 4, se algo semelhante suceder, será por volta de sábado. Não houve nada de diferente em relação a ontem, aqueles instantes de pressão súbita no útero ocorrem, no máximo, umas três vezes por dia.

Amanhã terá passado uma semana, não tem sido complicado passar o tempo. Os mini-nós resistentes, made in fevereiro de 2016 chegaram a conhecer um 2017 sinistro. Tenho as minhas sérias dúvidas de que fiquem por cá até julho de 2018. Por vezes parece que estou a fazer um estudo científico em que a cobaia que nunca dá em nada sou eu, mesmo assim persisto... persisto... sempre a cometer o erro parvo de me sujeitar ao que é praticamente óbvio: a infertilidade está a ganhar-me a léguas e não a irei vencer.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Dia 6 - TEC 5

Dia 1 de novembro, especialmente para quem vive no norte, sabe o que isso significa. Pelo menos deu para distrair do estado pré-beta e privei algum tempo com a minha mais recente sobrinha de 4 patas, uma pequena rebelde que gosta de deixar as suas marquinhas. É irresistível como o facto de só olharmos para ela é motivo suficiente para partir para o ataque. Tinha saudades de estar com uma gatinha tão pequenina.

Os efeitos da medicação começam a sentir-se. Ligeiro aumento do volume mamário, uma vez por outra alguma pressão no útero devido ao estado "nuvem fofa" em que se deve encontrar. Não é nada que nunca tenha acontecido antes, foi assim em todas as transferências.

Estou a meio do percurso desta TEC, o tempo tem passado relativamente rápido, provavelmente por estar quase sempre ocupada. Tem sido nestes diários que tenho dedicado um pouco dos meus pensamentos TECofílicos. E não, ainda não tomei aquela decisão, nem me tenho debruçado sobre o assunto.